Díodo

O diodo convencional é composto por dois blocos de material semicondutor um do tipo N outro do tipo P.
A sua sua representação esquemática é a seguinte:
Diodo junção NP

Características de um Díodo

O díodo é um componente electrónico fundamental que tem como característica mais importante, permitir que a corrente circule apenas num sentido.
Quando o díodo está polarizado directamente, conduz e permite circular a corrente.
Se está polarizado inversamente não permite circular corrente.
Diodo polarizado inversamente
Polarizacão inversa
A lâmpada não acende
Diodo Polarizado Directamente
Polarização directa
A lâmpada acende
Podemos comparar um díodo a uma válvula hidráulica que possibilite passar a água num sentido e impedindo no sentido contrário.
analogia Polarização Directa

Barreira de Potencial

A região próxima da superfície de separação torna-se deficiente de lacunas do lado P da junção, e deficiente de electrões do lado N. O resultado final é uma acumulação de cargas positivas do lado N da junção,e de cargas negativas do lado P. Estas cargas são constituídas por iões positivos e negativos. Quando o dipolo formado por estas duas cargas atinge alguns décimos de volt., os electrões do lado N não conseguem passar para o lado P por serem repelidos pela barreira de iões negativos. Do mesmo modo as lacunas do lado P não conseguem passar para o lado N por serem repelidas pelos iões positivos. A barreira que ocupa o espaço contíguo junção e se opõe aos deslocamentos das cargas de um e para o outro lado da junção é designada por barreira de potencial, a zona onde surge esta barreira denomina-se zona de depleção.

Barreira de potencial diodo
Para saber a polaridade do díodo, no díodo tem uma marca de uma flecha que indica a extremidade correspondente ao cátodo.
Simbolo Diodo

 Utilização prática dos diversos Díodos:

Simbologia Díodos 

Díodo RectificadorSimbolo Díodo RectificadorDiodo ZenerSimbolo Diodo Zener
Diodo varicapsimbolo Diodo VaricapDiodo túnelSimbolo Diodo túnel
Diodo SchottkySimbolo Diodo SchottkyDiodo com característica dependente da temperaturaSimbolo díodo dependente da temperatura
FotodíodoSimbolo FotodíodoDiodo emissor de luz (LED)Simbolo LED
Diodos GunnSimbolo diodo gunnDiodo PINSimbolo diodo PIN

O díodo - Características e aplicações

INTRODUÇÃO TEÓRICA

1.1 Principio de funcionamento - Características de um díodo

Um díodo é um dispositivo constituído por uma junção de dois materiais semicondutores (em geral silício ou germânio dopados), um do tipo n e o outro do tipo p, ou de um material semicondutor e de um metal, sendo usualmente representado pelo símbolo da Figura 1. Aos terminais A e K dão-se respectivamente os nomes de Ânodo e Cátodo.
simbolo díodo
Figura 1: Símbolo do díodo.
Este dispositivo permite a passagem de corrente, com facilidade, num sentido, e oferece uma grande resistência à sua passagem no sentido contrário.
Assim, quando o Ânodo (A) estiver a um potencial positivo em relação ao Cátodo (K), o díodo conduz e a corrente terá o sentido (convencional) indicado pela seta. Nestas condições diz-se que
o díodo está directamente polarizado. Quando o Ânodo estiver a um potencial negativo em relação ao Cátodo, o díodo não conduz e a corrente, que teria o sentido contrário ao da seta, não é autorizada a passar. Nestas condições diz-se que o díodo está inversamente polarizado.
curva caracteristica do diodo
Figura 2: Característica I(V) de um díodo de silício. Note-se as escalas diferentes no 1º e 3º quadrantes.
A origem destas designações deve-se ao facto de este dispositivo ter um comportamento semelhante aos do díodos termoiónicos (válvula díodo), cujos terminais recebem estes nomes.
Na Figura 2 pode ver-se um gráfico típico da corrente no díodo em função da tensão nos seus terminais, que resulta do comportamento físico da junção p-n. A tensão e a corrente são consideradas positivas quando o dispositivo se encontra directamente polarizado. A variação da corrente do díodo semicondutor com a tensão aos seus terminais tem uma forma quase exponencial: em boa aproximação a corrente I é dada por:
corrente diodo
onde q é a carga do electrão,(≈ 1,6 10-19 C) V a tensão aos terminais do díodo, k a constante de Boltzman (≈ 1,38 10-23 J /K), T a temperatura absoluta e Is uma constante designada por corrente de saturação. À temperatura ambiente (300 K) tem-se:
corrente-saturacao-diodo (2K)
Este comportamento pode ser aproximado, em certas aplicações, pelo de um díodo ideal ou por uma característica linearizada (ver Figura 3).
modelo electrico comparativo diodos
Figura 3: Curvas características e correspondentes modelos eléctricos do díodo. Da esquerda para a direita: díodo ideal; díodo com comportamento ideal mas com uma tensão limiar de condução; díodo com característica linearizada. (V D - tensão limiar de condução, RD - resistência de condução directa).

Polarização Diodo

polarizacao diodo

Polarização no sentido directo

Consideremos a aplicação de uma diferença de potencial às extremidades do conjunto PN, de modo que o lado P da junção fique ligado ao polo positivo, e o lado N ao polo negativo. O estabelecimento deste campo eléctrico tende a diminuir o efeito da barreira de potencial ou até a anulá-la. Do lado N o polo negativo da fonte repele os electrões de N para P com uma força maior do que a exercida pela barreira de potencial que os mantinha em N. Do mesmo modo as lacunas deslocam- se mais facilmente de P para N: a junção torna-se passante.

Um miliamperímetro instalado no circuito indicará uma corrente de P para N (sentido convencional).

Para tornar a junção passante é preciso anular a barreira de potencial. É por conseguinte necessário aplicar aos terminais da junção, uma tensão suficiente para chegar a este resultado. Algumas junções de germânio necessitam de um mínimo de 0,1 ou 0,2 Volt para se tornarem passantes. As junções de silício só se tornam passantes a partir de 0,6V.

Polarização no sentido inverso

Liguemos agora o terminal positivo da fonte exterior à extremidade N do conjunto PN. Este sentido de ligação reforça a barreira de potencial.Os electrões livres da região N e as lacunas da região P, isto é, os portadores principais, passam a ter ainda maior dificuldade em atravessar a junção. Diz-se então que a junção está bloqueada.

No entanto, alguns portadores minoritários conseguem passar através da junção. Uma vez passada a junção o seu movimento é facilitado, por um lado pelas cargas principais que constituem a barreira de potencial, e por outro, pelos potenciais aplicados nas extremidades. A corrente devida aos portadores minoritários pode ser evidenciada através de um microamperimetro, intercalado no circuito exterior. A corrente, de sentido convencional, passa de N para P.

Efeito Zener - Efeito Avalanche

A tensão inversa aplicada às extremidades de uma junção PN não pode ser aumentada indefinidamente. Com efeito, o aumento da d.d.p.(diferença de potencial) no sentido inverso provoca uma aceleração dos portadores minoritários. A partir de uma certa tensão inversa os portadores secundários adquirem uma velocidade suficiente para arrancarem por choques electrões aos átomos. O fenómeno é cumulativo e provoca um rápido decréscimo da resistividade. Este efeito é utilizado em um tipo especial e díodos para regular a tensão diodo zener.

1.2 Tipos de díodos

Existem actualmente diferentes tipos de díodos que, apesar de apresentarem características eléctricas semelhantes, tem-nas adaptadas à execução de determinadas funções. O símbolo introduzido anteriormente (Figura 1) representa o díodo normalmente utilizado para rectificação (transformação de corrente bidireccional em corrente unidirecional) e processamento de sinal nela baseado. Pretende-se que a sua zona de avalanche esteja suficientemente afastada para nunca ser atingida, e que a sua corrente de fuga inversa seja desprezável.
Além destes, outros tipos de díodos utilizados usualmente são:

Díodo Zener

diodo zener
Funciona na zona de avalanche, e é utilizado como referência de tensão (a tensão varia pouco com a corrente nessa zona).

Varistor ou varicap

diodo varicap
Todos os díodos apresentam uma capacidade que é variável com a tensão aplicada. Os varistores são díodos especialmente desenhados para se obter uma capacidade fortemente dependente da tensão. São usados em osciladores cuja frequência é controlada por tensão (VCO).

Fotodíodo

fotodiodo
Quando a zona da junção recebe luz, geram-se pares de portadores de carga (electrão-vazio) que geram uma tensão ou uma corrente no dispositivo. Existe, assim, conversão opto-electrónica. Estes dispositivos são utilizados como detectores de luz, nas mais diversas aplicações.

LED

diodo led
Para certos tipos de materiais semicondutores, quando é injectada uma corrente na junção do díodo, é gerada radiação electromagnética na zona do visível ou infravermelho próximo (conversão electro-óptica). Existem componentes em que vários LED estão dispostos sob a forma de traços ou pontos numa matriz, permitindo a apresentação de algarismos e letras (displays).

1.3 Determinação da característica (I, V) de um díodo

O díodo é um componente não-linear. Assim, o cálculo da corrente que atravessa um circuito com um díodo torna-se um pouco mais complicado que no caso de circuitos lineares. A título de exemplo, vamos determinar a corrente no circuito indicado na figura.
curva de caracteristicas do diodo
Se o díodo estiver bem dentro da zona de condução, a sua tensão é aproximadamente constante, neste caso ~0.65V (ver na secção 1.1 as características aproximadas de um díodo). Assim, podemos substituir o díodo, nos cálculos, por uma fonte de tensão de 0,7 V (VD=0,7 V), e tratar o circuito como um circuito linear, obtendo-se a equação:
formula de calculo das caracteristicas
Este processo simplificado, útil em muitas situações, não pode ser utilizado quando se pretenda um rigor mais elevado, ou quando o díodo não esteja em condução franca. Para estas situação, dispõe-se de duas equações: a que define a característica do díodo (equação (1)) e a que resulta das equações de Kirchoff:
equação calculo aplicada ao funcionamento díodo
Estas duas equações permitem-nos determinar o ponto de funcionamento. A solução é laboriosa em virtude de envolver uma equação transcendente (pressupõe-se o conhecimento da equação V(I) para o díodo em consideração):
calculo-diodo (2K)
No entanto, a solução pode achar-se facilmente Esta última equação pode ser resolvida de forma gráfica se dispusermos da curva característica do díodo:
1º membro: curva característica Idíodo (V), não linear
2º membro: recta de carga I = Idíodo = 5/100 - VD/100
Gráfico cálculo Díodo
A solução corresponde ao ponto de intersecção das duas linhas (em que I=I Díodo e V=V díodo), obtendo-se I = 44 mA.

1.4 Aplicações dos díodos: o díodo como rectificador

Consideremos o circuito da Figura 4, ao qual é aplicada uma tensão sinusoidal v i; queremos determinar a tensão de saída v o
díodo rectificador de meia onda
Figura 4: Circuito rectificador de meia onda.
Para simplificar, vamos supor que se trata de um díodo ideal, isto é, durante as arcadas positivas da sinusóide é um interruptor fechado, e um interruptor aberto durante as arcadas negativas, Figura 5
fases rectificação meia onda
Figura 5: Fases da rectificação de meia onda.
Somando, obtemos:
resultados da rectificação
Figura 6: Resultado da rectificação de meia-onda.
Esta é a chamada rectificação de meia-onda, na qual há supressão de uma alternância e aproveitamento da outra.
E não será possível aproveitar as duas? É, utilizando por exemplo os circuitos das Figura 7, o qual é costume designar por rectificador de onda completa.
É fácil verificar que numa alternância conduz um par de díodos (colocados em posições diametralmente opostas do losango) e na outra o segundo par, de modo que a corrente através da resistência tem sempre o mesmo sentido; a tensão de saída tem pois a forma indicada.
rectificação onda completa
Figura 7: Rectificação de onda completa.
No caso da Figura 7, a entrada pode ser por transformador, ou directamente da rede. Existem pontes que contêm já os quatro díodos ligados. Se a fonte de tensão alternada tiver um terminal à massa, a carga, RL, ficará flutuante; caso contrário, isto é, se a fonte de tensão alternada estiver flutuante, podemos ligar qualquer dos terminais de RL à massa. É sempre necessário ter o
cuidado de ver em que caso se está para evitar curto-circuitos. Está dado o primeiro passo para obter, a partir de uma tensão alternada, uma tensão contínua, elemento essencial nas fontes de alimentação dos circuito electrónicos.

1.5 Circuito detector de Pico -Filtragem

Este é um circuito bastante utilizado em diversas aplicações, que vão da rectificação de sinais alternados à descodificação de um sinal de rádio AM (amplitude modulada). Apliquemos uma tensão sinusoidal ao seguinte circuito:
circuito detector de pico
Figura 8
Quando se liga o circuito, começando vi em zero, a tensão vc irá acompanhar a tensão de entrada porque, sendo a díodo ideal, logo que vi = 0 o díodo conduz passando a funcionar como curtocircuito. Quando vi atinge o máximo (Vp) e começa a descer, se a constante de tempo t=RC for grande relativamente ao período do sinal de entrada, então a tensão vc vai tender a manter-se enquanto vi baixa e, consequentemente o díodo entra em corte (pois vc = vi ). A partir deste momento o condensador descarrega sobre a resistência segundo uma exponencial. Enquanto a tensão vc decresce, a tensão de entrada vai evoluir, descendo até ao seu valor mínimo e depois subindo, até que acontece um instante em vi iguala o valor de vc e continua a subir. A partir desse instante vi > vc, o díodo começa a conduzir e vc acompanha de novo vi , repetindo-se este processo daí em diante, enquanto subsistir vi . Teremos assim o seguinte gráfico das tensões do circuito:
ondulação resídual ou Ripple
Figura 9
Ao fenómeno de oscilação da tensão de saída chama-se Ripple (ou ondulação residual) e ao valor dessa oscilação chama-se tensão de Ripple (vr). No caso da tensão de entrada apresentada na Figura 9, a tensão de Ripple dá-nos uma ideia da maior ou menor aproximação da tensão de saída a uma tensão contínua.
Como é óbvio, o valor v r, depende só da relação entre o tempo de descarga do condensador (a constante de tempo do circuito de descarga é RC), e o período do sinal de entrada. Para um período constante do sinal de entrada, quanto maior for a constante de tempo t=RC , menor será vr já que mais próximo de Vp estará v'.

1.6 Diodos de comutação

Comutar significa fechar ou abrir circuitos, tal como se faria manualmente com comutadores. Polarizando os diodos no sentido directo ou inverso, podem-se realizar facilmente um grande numero de comutações;

Estes diodos são caracterizados pelo seu reduzido tempo de recuperação. o tempo de recuperação, que vai de 2 ms nos diodos mais lentos a menos de 10 µs nos diodos mais rápidos, é o tempo necessário para que se dê a recombinação dos portadores. O tempo necessário para que se inicie a condução de um diodo é essencialmente dependente da capacidade apresentada pela barreira de potencial nos diodos de ponta esta capacidade é bastante inferior à dos diodos de junção.

Características gerais dos diodos de comutação:
  • Tensão inversa - 15 a 150V;
  • Corrente direta - 20 a 750 mA;
  • Corrente de fuga (diodos de ponta)- 10 a 500µA;
  • Corrente de fuga (diodos de junção)- alguns nanoampares a 50 µA.

diodo comutação
Figura 10
A fig. 10 mostra um dos casos mais frequentemente utilizados. Com o contato fechado, o diodo está polarizado no sentido inverso, bloqueando por conseguinte a passagem de corrente. Quando o contacto abre, a extra corrente de ruptura polariza o diodo no sentido directo, estabelecendo-se uma corrente de circulação.

Parâmetros Díodos

Na prática os díodos têm diversos parâmetros, geralmente fornecidos pelos dos fabricantes.
Alguns parâmetros são ou estão dependentes de outros, especialmente a temperatura. Por isso, os fabricantes costumam informar as condições de cada valor ou fornecem gráficos.
  • Capacitância típica da junção (CJ - Typical Junction Capacitance): na polarização inversa, a região de depleção atua como um isolante, formando um pequeno capacitor. Isso pode ter influência significativa em freqüências mais altas.
  • Corrente direta de pico máxima (IFSM - Maximum Peak Forward Current): limitada pela dissipação térmica do diodo.
  • Corrente direta média máxima ( IF(AV) - Maximum Average Forward Current): é limitada basicamente pelas características de dissipação térmica do componente (tamanho, etc).
  • Corrente inversa máxima (IRM - Maximum Reverse Current): a corrente inversa se aplicada a tensão inversa contínua máxima (VR). Seria nula em um diodo ideal. Nos dispositivos práticos, é bastante pequena em relação à corrente direta. É desprezível na maioria dos casos.
  • Faixa de temperatura de armazenagem (TSTG - Storage Temperature Range): em vários casos, a temperatura máxima de armazenagem é igual à máxima de operação.
  • Potência dissipada (PD - Power Dissipation): a máxima potência dissipada pelo diodo.
  • Resistência térmica (Thermal Resistance): dada para junção-ambiente (RJA) ou junção-condutores (RJL). Indica a oposição que o conjunto oferece à dissipação do calor gerado na junção. Seria nula em um dispositivo ideal.
  • Temperatura de operação da junção (TJ - Operating Junction Temperature): a máxima temperatura de trabalho do diodo. Diodos de alta potência em geral usam dissipadores para manter a temperatura abaixo da máxima especificada.
  • Tempo de recuperação inverso (trr - Reverse Recovery Time): o tempo decorrido para o diodo deixar de conduzir, após a mudança de polarização de direta para inversa. Seria nulo para um diodo ideal. Diodos comuns apresentam tempos na faixa de microssegundos e diodos rápidos (para freqüências mais altas), na faixa de nanossegundos.
  • Tensão direta (VF - Forward Voltage): a queda de tensão, em geral especificada para a corrente nominal. Seria zero em um diodo ideal.
  • Tensão inversa de pico (PIV - Peak Inverse Voltage): no gráfico da Figura 1.4 podemos notar que a tensão inversa é limitada por um máximo absoluto, acima do qual há ruptura e destruição da junção. O fabricante especifica um valor máximo seguro, para operação sem ocorrência da ruptura.
  • Tensão inversa contínua máxima (VR ou VDC - Maximum DC Reverse Voltage): a máxima tensão contínua de operação. Seria infinita para um diodo ideal.
  • Tensão inversa repetitiva máxima (VRRM - Maximum Repetitive Reverse Voltage): a tensão inversa máxima de operação em forma de pulsos repetidos. Seria infinita para um diodo ideal.

Transformador

O transformador é um dispositivo electromagnético constituído por duas bobinas acopladas através de um núcleo magnético de elevada permeabilidade magnética. O princípio de funcionamento do transformador baseia-se no fenómeno da indução electromagnética, e em particular da indução electromagnética mútua entre bobinas. A principal função de um transformador é elevar ou reduzir as amplitudes da tensão ou da corrente entre as bobinas do primário e do secundário. O transformador caracteriza-se pela relação de transformação de tensão entre o primário e o secundário, rT=N2/N1.
Os transformadores são utilizados numa gama muito variada de aplicações de processamento de informação e de energia eléctrica. Salientam-se, entre outras, a elevação e a redução da tensão e do número de fases em redes de transporte e distribuição de energia eléctrica, a redução da tensão ou da corrente em instrumentos de medida, a adaptação de impedâncias em amplificadores sintonizados em aplicações de rádio-frequência e frequência intermédia, a adaptação de resistências em aplicações audio, ou simplesmente o isolamento galvânico entre partes de um mesmo circuito eléctrico.

Indução Mútua

fluxo magnetico transformador
Indução Mútua
Quando uma corrente alternada circula por uma bobina, cria um campo magnético que é continuamente variável.

Se próximo se encontra um segundo indutor, o campo magnético variável INDUZ no segundo indutor uma tensão alternada que se denomina por indução mútua.

A energia elétrica transforma-se em energia magnética e posteriormente em energia elétrica na segunda bobina.


A indução mútua permite transferir energia sem um contato físico direto aproveitando o campo magnético sempre que a tensão seja alternada.

Para além de outros, é possível identificar os seguintes tipos de transformadores: auto-transformadores, transformadores com múltiplos enrolamentos no secundário, transformadores com ponto médio, transformadores de medida ou de protecção, transformadores de sinal e transformadores de potência.
Existem diversos sensores que exploram o fenómeno da indução mútua entre bobinas, ou electromagnética. Estes transdutores são designados relutivos e electromagnéticos, e são utilizados na medição de grandezas não-eléctricas, tais como deslocamento, velocidade, aceleração, binário, força, pressão, etc.
O funcionamento dos transformadores é explicado através das Leis de Faraday, que nos diz que quando um circuito sofre uma corrente variável produz um campo magnético, e quando um circuito é sujeito a um campo magnético variável é gerada uma corrente electrica.

Tipos de transformadores

Transformador de alimentação:

O transformador de alimentação convencional é usado na conversão da tensão da rede para a tensão de funcionamento dos circuitos electrónicos. O rendimento é muito elevado, pois funciona com frequências muito baixas, é feito normalmente com chapas de aço no núcleo, possuindo algumas vezes blindagens metálicas para evitar interferências e blindagens de resina para evitar vibrações mecânicas. 

Transformador de áudio:

Usado em aparelhos de áudio com válvula e em algumas configurações com transistores, no acoplamento entre etapas amplificadoras e na saída para os altifalantes (altofalantes). Geralmente é semelhante ao transformador de alimentação na sua forma pode usar núcleo de aço ou ferrite. A  resposta dentro da gama de de frequências de áudio, 20 a 20000 Hz, não é perfeitamente linear, mesmo usando materiais de alta qualidade no núcleo, esta variação de eficiência ao longo da faixa de áudio limita o seu uso. 

Transformador de corrente:

É usado sobretudo para efectuar medições, em cabines e painéis de controle de máquinas e motores. Consiste num anel circular ou quadrado, com núcleo de chapas de aço e enrolamento com poucas espiras, que se instala passando o cabo dentro do furo, este actua como o primário. A corrente é medida por um amperímetro ligado ao secundário. 

Transformador de RF:

Os circuitos de rádio-frequência (RF, acima de 30kHz), usam transformadores no acoplamento entre  etapas dos circuitos de rádio e TV. Sua  potência em geral é baixa, e os enrolamentos têm poucas espiras, utilizando sobretudo núcleo de  ferrite. Costumam ter blindagem de alumínio, para dispersar interferências no circuito onde estão inseridos e nos equipamentos circundantes.

Transformadores de pulso:

São usados para acoplamento e separação entre circuitos, isolando o circuito de controle, de baixa tensão e potência. Têm geralmente núcleo de ferrite e invólucro plástico.

Transformadores Simbologia

Transformador com núcleo de arSimbolo Transformador com núcleo de arTransformador com núcleo de ar
Transformador com núcleo de ferritesimbolo Transformador com núcleo de ferriteTransformador com núcleo de ar
Transformador com núcleo de ferroSimbolo Transformador com núcleo de ferroTransformador com núcleo de ferro

Cálculo de um transformador

-Calculo da potencia total dos secundários.
-Divide-se a potência do secundário pelo rendimento, para transformadores construídos manualmente pode-se arbitrar o rendimento em 0,8.
-Calcula-se a secção do núcleo pela formula:

formula calculo do nucleo de um transformador
- Determina-se o número de espiras do primário pela fórmula:
formula calculo do número de espiras
Onde:
V1 = Tensão do primário
B = fluxo em linhas por centímetro quadrado
S = Área do núcleo
f = frequência em hertz
5) Sabendo que:
formula calculo de transformador
temos:
formula calculo de trafo

Onde:
E1 = voltagem do primário
N1 = número de espiras do primário
Isto é um exemplo do processo de cálculo de um transformador, não é aconselhável construir um transformador baseado apenas nas informações aqui existentes.
Fórmulas utilizadas
Potência total secundário

Potencia_VA= Volts_VA*Corrente_IA
Potencia_PB = Volts_VB*Corrente_IB

Potência total secundário


Potencia_PS = (Potencia_PA +Potencia_PB)

Potência primário

Potencia_PP = PS/rendimento

Área do núcleo

S = 1.2* raiz(Potencia_PP)
Número de espiras primário
Espiras_Primário = (Volts_VP*100e+6)/(4.44*B*S*F)

Relação espiras por volt

r = Espiras_Primário/Volts_VP

Espiras_Secundário_VA= r*Volts_VA
Espiras_Secundário_VB = r*Volts_VB

SP = (Potencia_PP/Volts_VP)/densidade
SA = Corrente_IA/densidade
SB = Corrente_IB/densidade
Corrente Primário = Potencia_PP/Volts_VP

Relação Correntes Transformadores

relação corrente transformadores
I1/I2 = N2/N1
  • N1 número de espiras do enrolamento primário
  • N2 número de espiras do enrolamento secundário
  • I1 corrente no enrolamento primário em amperes (A)
  • I2 corrente no enrolamento secundário em amperes (A)

Relação Tensão Transformadores

relação tensão transformadores
V1/V2 = N1/N2
  • N1 número de espiras do enrolamento primário
  • N2 número de espiras do enrolamento secundário
  • V1 tensão no enrolamento primário em volt (V)
  • V2 tensão no enrolamento secundário em volt (V)